Trinta vezes subi a montanha, e apenas uma desci. Desci chuva.

O duplo caráter da mercadoria raramente é abordado na teoria do design e, quando o é, aparece erroneamente definido como valor de uso e valor de troca. Como veremos, a não distinção entre valor e valor de troca, tomando apenas o último como conceito, é um indício do processo ideológico de ignorar o papel determinante das relações sociais de produção, transferindo o foco da análise para a esfera da circulação, para o processo de troca ou, simplesmente, para o mercado.

Isso quando o tema não surge enquanto pura ironia, somada à imprecisão conceitual, como em Löbach (2001, p.13) em sua contenda com Haug, para quem, supostamente, “o design é uma droga milagrosa para aumentar as vendas, um refinamento do capitalismo, uma bela aparência que encobre o baixo valor utilitário de uma mercadoria para elevar seu valor de troca”. Ainda que Haug 1997) incorra, porventura, em certas simplificações, fica clara a rejeição total de Löbach (2001) ao conceito de mercadoria. Iida (1998, p.49, itálico no original) chega mesmo a afirmar que “design é uma atividade que adiciona valor ao produto”. Pois, “aumenta-se o valor melhorando itens como funcionalidade, confiabilidade, durabilidade, adaptação ergonômica, estética e todas as demais características consideradas desejáveis pelos consumidores” (idem, p.51).

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