Retirando as neo-convalescências de Ar Pioneiro

O Crepusculário pode ser entendido como aquele momento específico, ao final da tarde, no trânsito entre o dia e a noite, quando os insetos todos se agitam em busca de alimento. Como prelúdio da noite, sobrevoam o espaço claro do dia trazendo em suas asas a barra da noite. Incomodam, picam, zunem… Animais de hábitos crepusculares como a serpente, por exemplo, começam a circular pelos caminhos a procura de alimento. Deixam a inércia do descanso sob o sol, poupando energias, e saem anunciando a chegada da noite. Período propício para naturalistas e biólogos acompanharem a etologia das várias espécies. Momento propício também para ser picado… Descem as serpentes arborícolas das árvores e adentram o chão. Outras saem do solo, potência telúrica
e ctônica, e buscam os galhos das árvores, os paióis, os celeiros…

Momento difuso por excelência, limítrofe, liminal, tem como motivação básica de seus seres a busca de alimento… seres liminais como as lâmias, as sorgiñas, as brujas de Mari (númens bascas), as mouras (númens gallego-portuguesas) buscam o encontro, o alimento, quem sabe, interlocutores… em sua face terrífica, sem interlocução, é que se revelam vampirescas…

O Crepusculário que chega às mãos dos leitores é, exatamente, a busca de alimento, de interlocução e de vagar limítrofe…

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